sexta-feira, 12 de junho de 2015

Florentino e Fermina: namoro após os 50

  É Dia dos Namorados e, com a permissão para o romantismo, compartilho aqui mais uma experiência artística. Dessa vez, não se trata apenas de um filme, mas de um livro clássico que também foi adaptado para o cinema. “O Amor nos Tempos do Cólera” é assinado por Gabriel García Márquez e traz Florentino Ariza e Fermina Daza como personagens principais.
  Ele trabalha como telegrafista e ela é uma dama da alta sociedade. Apesar de trocarem juras de amor por cartas, o relacionamento entre os jovens é proibido pelo pai da moça. Fermina então se casa com o médico Juvenal Urbino e Florentino passa a conviver com a angústia entre se aventurar com outras mulheres ou esperar pela sua “dama coroada”.  
  Ler o livro e assistir ao filme são duas experiências diferentes. Pessoalmente, gostei de ter lido e imaginado primeiro. Mas, a adaptação ficou linda, com atuação e cenários dignos de uma história arrebatadora (ainda mais emocionante se considerarmos que foi inspirada na realidade dos pais do autor). Temas como amor, tempo, resistência, hipocrisia, preconceito e história do século XIX estão presentes nessa obra.


#60 é pouco para viver e conviver!

Vovô deve ficar em casa, descansando, lendo seu jornal. Vovó precisa cuidar dos netos, fazer tricô, assistir novela. Cada vez menos vemos cenas como essas. E se tornou comum, hoje, vermos idosos trabalhando, estudando, viajando e convivendo em grupo.

Para termos uma ideia dessa realidade, segundo o IBGE, 4,5 milhões de idosos estão no mercado de trabalho. Nas universidades não é diferente, o números de estudantes com mais de 60 anos não para de crescer. Além de graduação ou outros cursos, muitas universidades oferecem oficinas ou ações para envolver esse público. É o caso da Universidade de Santa Cruz do Sul, a Unisc, que possui o Programa Terceira Idade na Unisc.

Através deste Programa, a Universidade oferece as seguintes atividades: hidroginástica, dança, oficina de rádio e fotografia, atendimento médico especializado, além de grupos de diabéticos e hipertensos.



Alta do custo de vida consume renda dos idosos

O fôlego já não é mais o mesmo. O corpo cansado é limitação suficiente para a busca de alternativas de rendas ou continuar na ativa. As portas do mercado de trabalho se fecham na mesma velocidade com que as perdas se fazem mais presentes. Em meio a tudo isso, o ano de 2015 ainda trouxe um agravante para a terceira idade brasileira: a vida mais cara. Enquanto a população em geral sofre com o aumento dos preços, para essa parcela o aperto tem sido mais intenso e é o maior dos últimos 12 anos. Para eles, que precisam de um bom plano de saúde, de alimentação adequada e, em muitos casos, de uma quantidade significativa de remédios, o dragão não perdoa e está cada vez mais feroz.



 Existe no país, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 26,1 milhões de idosos, que representam 13% da população. De acordo com a última pesquisa divulgada pela Fundação Getulio Vargas (FGV), a inflação para os que têm mais de 60 anos é maior do que para o resto da população. Segundo os estudos, o Índice de Preços ao Consumidor da Terceira Idade (IPC-3i), que mede a variação de preços da cesta de compras de pessoas com mais de 60, registrou inflação de 4,16% no primeiro trimestre, a maior para o período desde 2003, quando a variação acumulada entre janeiro e março foi de 5,28%.

Para piorar o quadro, no acumulado de 12 meses, de acordo com FGV, o índice é de 8,56%, bem acima do teto da meta do governo federal, de 6,5%, e superior ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE, de 8,13%, divulgado em março. “A população mais idosa pode estar passando por uma fase mais difícil do que o resto da população mais jovem”, comenta o economista do Insituto Brasileiro de Economia da FGV, André Braz. Ele diz que para os idosos a vida se complica, principalmente porque para as aposentadorias acima de um salário mínimo (R$ 788) não há um aumento real. “E ele vai tendo mais despesas e gastos cada vez maiores”, avalia.

Um item que tem peso grande no orçamento deles é o cuidado com a saúde. De cada R$ 100 gastos, em média, R$ 15 vão para pagar planos de saúde, médico e remédios. Tanto é que, aos 76 anos, Faride Serafim já dispensou as viagens deste ano. Acostumada a passear em excursões para as praias brasileiras, como Porto Seguro, na Bahia, ela diz que, com as despesas mais altas, decidiu cortar o lazer. “O dinheiro da gente não dá para comprar quase nada. Se meus filhos não me ajudam, passo aperto”, comenta. Ela conta que recebe aposentadoria e pensão, mas que, com a inflação, sua renda está totalmente comprometida com alimentação, habitação e outras contas. O que mais pesa, segundo ela, está na conta da farmácia. Faride toma 10 tipos de remédios, cerca de 20 comprimidos por dia. “Sofro de diabetes e hipertensão. Minha receita, antes, ficava em R$ 200. Hoje, está em R$ 300”, compara.

A diferença citada pela senhora veio com o reajuste dos medicamentos, que ficaram até 7% mais caros depois do dia 31 de março. Porém, essa variação não foi medida pelo IPC-3i, já que o reajuste saiu no mesmo dia em que o índice foi concluído. “O IPC-3i do segundo semestre vai avaliar esse impacto do aumento dos produtos farmacêuticos. Sabemos que os remédios comprometem, em média, 6% do orçamento dos idosos, enquanto para a população mais jovem o percentual é de 3%”, diz André Braz.

Cesta Pesada

De acordo com o índice, os itens que mais pesaram na vida dos idosos no primeiro trimestre foram transportes, alimentos, despesas diversas, além de saúde e cuidados pessoais. “Apesar de muitos não pagarem ônibus, eles compram passagens para netos e filhos. E há um impacto desses valores no orçamento”, esclarece André Braz. A habitação, com altas nas faturas de energia e água, que juntas somam mais de 57% de aumento para os consumidores mineiros, é outro peso para os maiores de 60 anos. “Os mais velhos acabam ficando mais tempo em casa. Aí, o gasto com energia para manter a residência fica ainda mais caro do que para um trabalhador que sai o dia todo e só volta à noite”, compara André Braz.

Esse peso, Márcio Siqueira, de 72, sentiu bem. Segundo ele, com tudo mais caro e sem aumento na aposentadoria, ele teve que diminuir no consumo de água. “Cerca de 60% da minha renda vão para as despesas, entre elas, a habitação. As contas estão caras demais, e, além disso, há meus custos com supermercados e sacolão, que subiram mais de 20%”, lamenta. De acordo com André, é preciso somar ainda para essa parte da população os valores do plano de saúde, que tiveram reajuste de 9,65%. Na conta da FGV para o índice, que leva em consideração uma média dos planos novos e antigos, para os quais os reajustes são diferentes, a média foi de um aumento de 8%, diluídos em 12 meses. “Um plano de saúde compromete, hoje, 8% da renda de um idoso. É um peso muito grande”, avalia André Braz.

Faride reclama dos valores cobrados pelas operadoras de saúde e diz que paga R$ 500 para a empresa e não quer a ajuda dos filhos nessa fatura, porque sabe que eles têm suas contas e um valor desses iria apertá-los também. “O nosso poder de consumo está cada vez menor. Não tem como eu trabalhar nem fazer algum tipo de atividade que aumente a renda. Enquanto minha aposentadoria não sobe, tudo vai aumentando”, reclama.

Desemprego complica cenário

Vivendo melhor e mais tempo, os maiores de 60 anos no Brasil poderão enfrentar períodos ainda mais difíceis daqui pra frente, segundo comentam especialistas. O motivo é o desemprego, que está em alta no país neste ano. Com muitas pessoas sendo demitidas, de acordo com os economistas, aumentará o número de idosos que passarão a ser provedores das famílias, contando com a renda das aposentadorias para garantir a sobrevivência. “Aí, a população que deveria cuidar da velhice será cuidada por ela”, comenta Márcio Lana, economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia.

De acordo com André Braz, da FGV, ainda que a economia não esteja crescendo e o pessimismo esteja geral no país, os idosos estão vindo de um período em que havia ainda uma taxa de desemprego menor. “Aquele filho que saiu de casa, agora pode perder o trabalho. E podem voltar a morar junto com os pais para compensar as despesas. A aposentadoria, nesses casos, passa a garantir a sobrevivência”, diz.

Segundo Márcio Lana, com o passar dos anos, as condições dessa faixa etária melhorou bastante no país. “Hoje, eles viajam de avião, buscam se alimentar melhor e fazem atividades físicas. Por isso estão vivendo mais. Porém, tudo isso vai pesando no orçamento”, diz. O especialista afirma que os idosos representam uma renda de R$ 234 bilhões por ano para o país, o que faz a economia girar. “Mas há mais gastos com assistência médica, alimentação selecionada, entre outros. O condomínio para um idoso sobe exatamente da mesma forma em que se dá o aumento dessa conta para um jovem que está no mercado de trabalho e ganha bem. O táxi também aumentou 9% e os medicamentos estão mais caros”, enumera.

Com isso, segundo Márcio, os idosos, com o poder de compra menor, vão sentindo que o país não vai nada bem. “É uma parcela da população que tem uma sensibilidade muito grande e quando vê um filho empregado e a economia bem, ele se sente mais fortalecido. O contrário vai entristecendo-o, pode gerar depressão, angústia e outros problemas. É doloroso ficar velho no Brasil”, comenta o economista, que está com 73 anos.

O aposentado Henrique Robert, de 77, concorda. Ele, que sentiu tudo aumentar, diz ter uma filha desempregada que mora com ele e, hoje, ele é o provedor da família. “A culpa é do sistema capitalista. Fui preso político na época da ditadura, lutamos pelo direito ao 13º salário e o direito à greve. Hoje, estou aposentado e, no Brasil, quem não está na ativa não é cidadão”, reclama. Aos 60, Marília de Fátima não pode parar. Há sete anos como pipoqueira em BH, ela trabalha 12 horas por dia, de segunda a segunda. “Ajudo meus filhos e não posso cruzar os braços. Tenho diabetes, pressão alta, mas, com tudo tão caro, não posso largar meu emprego. Ganho um salário mínimo como aposentada e não dá para nada. Quem consegue viver com renda assim?”, questiona.

Lição importante

Uma das lições mais importantes dos economistas para momentos de inflação é a pesquisa. Mas, para essa parte da população, segundo Márcio Lana, fazer levantamentos é complicado. “Nós, idosos, não temos condições de sair de farmácia em farmácia procurando o melhor preço. Muitos também não dominam a internet. É difícil ter uma mobilidade para dar capacidade de vasculhar o melhor valor de um produto nessa faixa etária”, avalia. Ele recomenda que essas pessoas com mais de 60 anos passem a anotar seus ganhos e gastos. “Medicamentos, plano de saúde e alimentação não podem ser cortados. Por isso, é anotar e ver onde se pode reduzir”, diz. Segundo André Braz, no passado, tinha-se a noção de que ao se aposentar o cidadão teria como viajar e curtir a vida. “Faltou a preparação para a saída do mercado de trabalho. Confiávamos no regime de previdência, mas o país está longe de ter um sistema ideal. Então, essa realidade dos idosos de hoje fica como lição para os jovens, que devem se preparar, agora, para o futuro, seja construindo uma poupança seja pagando uma previdência privada.”

Fonte: Estado de Minas

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Eles já trabalharam muito... mas não se cansaram

E hoje, atuam como voluntários. Seria até compreensível se estivessem cansados, com dores físicas ou, simplesmente, com vontade de aproveitar o tempo livre para passear e se divertir. Afinal, trabalharam uma vida inteira e, de acordo com o senso comum, “já fizeram a sua parte”. 
Mas, não é bem assim que Odilo, Vera, Marina, Geni, Rosa e Cléria Maria pensam. Em comum, além de terem idade acima dos 60 anos, os seis se dedicam ao trabalho voluntário. Selecionando roupas para a doação, promovendo eventos beneficentes ou administrando entidades, cada um contribui para melhorar a comunidade onde vive. 
Quem confirma os benefícios dessa prática é a psicóloga Aneline Schneider Becker, que trabalha no atendimento a idosos. Nesta reportagem, o blog 60 é Pouco pretende mostrar como é possível aproveitar o tempo livre para fazer o bem aos outros e a si mesmo. Confira, em cada endereço, depoimentos em vídeo e em áudio, com histórias inspiradoras.


Veja também neste link, uma pequena galeria de fotos das nossas entrevistadas.

Cinco direitos que todo idoso deveria saber

O código de Defesa do Consumidor prevê proteção adicional nas relações de consumo para os brasileiros com idade a partir de 60 anos. Com a entrada em vigor do Estatuto do Idoso, em 2003, essas pessoas receberam atenção especial, com a inclusão de mais benefícios. Apesar de a legislação ter mais de uma década, muita gente desconhece pontos importantes da lei, que podem facilitar suas vidas. Veja a seguir cinco direitos que todo idoso deve saber, a partir das orientações do Procon de São Paulo e do desembargador do Tribunal de Justiça paulista, Rizzato Nunes.


1) Prioridade em atendimento

O Estatuto do Idoso garante a prioridade do idoso ao atendimento preferencial numa série de serviços públicos e privados. Esse direito, que deveria ser básico, no entanto, tem dificuldade de ser cumprido até mesmo pelo governos. É comum ainda ver os idosos passarem a noite na frente de postos de saúde, hospitais ou da previdência social. A falta de fiscalização e de bom senso da população, em entender as filas e assentos preferenciais, são outros obstáculos a serem superados para que o benefício se torne uma realidade em todo país.

2) Descontos em ingressos

O idoso tem direito a 50% de desconto nos ingressos em eventos esportivos, culturais, artísticos e de lazer. A lei não especifica tipos de assentos ou preferência de localização. Em vista disso, o consumidor com mais de 60 anos pode escolher o lugar que deseja e pagar metade do preço, independentemente de sua localização. Para obter o desconto, basta apresentar um documento que comprove a idade. Essa comprovação deve ocorrer no local do evento, jamais no local de vendas. Obrigar a prova na venda é abusivo e pune o idoso, tendo que se deslocar até o local com antecedência ou impedindo a compra por familiares ou amigos.

3) Transporte

O idoso, com idade igual ou superior a 65 anos, pode viajar de graça em ônibus urbanos municipais. As empresas devem reservar 10% dos assentos para idosos. No transporte intermunicipal, está previsto duas vagas gratuitas por veículo para idosos com renda até dois salários-mínimos. Quando essas vagas forem adquiridas, as empresas precisam vender as passagens para os idosos com 50% de desconto.

4) Assistência ao idoso


As entidades de atendimento ao idoso devem estar inscritas na Vigilância Sanitária e no Conselho da Pessoa idosa. O Estatuto do Idoso indica uma série de itens que as entidades precisam respeitar, como a criação de espaço para o recebimento de visitas e a obrigação de fornecer atividades educacionais, esportivas, culturais e de lazer.

5) Imposto de Renda


Em agosto de 2008, foi incluído entre os direitos do idoso, a prioridade no recebimento da restituição do Imposto de Renda. Normalmente, as pessoas com idade acima de 60 anos recebem no primeiro lote.

Fonte: Terra

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Documentário "Alive Inside"

Os benefícios da música para recuperar memórias e estimular a interação social: esse é o tema abordado no documentário "Alive Inside" (Vivo por Dentro). Em uma proposta diferenciada, um neurologista decide mostrar como essa terapia alternativa pode ajudar pacientes com Alzheimer. Ele percorre lares de idosos e oferece a eles a oportunidade de ouvir músicas que marcaram sua juventude. Os resultados, registrados no vídeo com pouco mais de uma hora, são surpreendentes. Ainda que as legendas e o tamanho da tela do monitor possam dificultar a sessão, o esforço é recompensado com histórias incríveis.
Assisti a esse documentário na sexta-feira, 8, e sugiro para todos que se interessam por música, neurologia e terceira idade. Chorei nos primeiros sete minutos. É emocionante e inspirador perceber como uma atitude sensível pode transformar vidas. Através dessa produção, somos, invariavelmente, conduzidos a refletir sobre o desafio de preservar a própria identidade, lidando com a apatia, a indiferença e as dores de uma experiência que todos estamos sujeitos a encarar.